Cantiga, festa e romaria

Cantiga, festa e romaria

Feiras, festivais e romarias eram uma das poucas oportunidades para relaxar no passado. Neles, a festa profana acrescenta ao ritual religioso o sentimento cultural da comunidade, com uma forte presença da música, da dança e do canto.

Os instrumentos de percussão, a gaita, a concertina, o acordeão ou o cavaquinho, um dos instrumentos de minhotos por excelência, produzem música para os ouvintes escutarem ou dançarem. No território galego e português da fronteira do rio Minho, construíram-se grupos musicais únicos, as treboadas, presentes apenas no baixo Minho e que no norte de Portugal são conhecidos como Zés Pereiras.

As treboadas podem-se considerar uma evolução do grupo de gaitas tradicionais, que eram compostos por uma gaita de foles, um tambor e um ou dois bombos. Durante o século XIX, incorporaram-se instrumentos como os bombos de mallada, até construir a treboada, composta por estes instrumentos com toques próprios.

Se o nosso património oral relacionado com canções tem um repertório excecional, desde a literatura galego-portuguesa até às canções tradicionais, dele destacam-se as regueifas.

A regueifa

 

A regueifa galega está perto do cantar ao desafio dos seus irmãos do Minho, embora eles usavam mais o acordeão que a concertina, instrumento que é introduzido em Portugal no século XIX. Consiste, portanto, numa canção improvisada em que duas ou mais pessoas têm uma disputa sobre um determinado tema e procuram o maior aplauso da audiência. A regueifa, um tipo de pão, dá o seu nome a esta forma de expressão musical, pois este concurso era comum durante os casamentos, onde o vencedor era premiado com esta peça de pão.

 

No Minho, a tradição de cantar ao desafio nunca perdeu espaço e hoje é uma grande atração, com novos cantores e cantoras, em festivais, festas e romarias. Na Galiza, algumas causas como a perda do uso da língua galega e uma sociedade marcada pelo abandono do campo, acaba por condenar género da regueifa ao desaparecimento. A recente valorização da cultura tradicional provocou o ressurgimento deste património imaterial, mas deixou o espaço das romarias, festas e casamentos. Os artistas novos e emergentes são jovens e cultos, marcados por estilos de vida urbanos.

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